Revisitados resultados<br>do Plano (Científico &) Tecnológico
Cá estão, uma vez mais, números sobre esta questão «prioritária e apaixonante» para os nossos governos e media! Aí vêm eles no seu mítico e eterno retornar. Estando em começo de ano lectivo, este tema merece sempre uma redobrada atenção do público. Assiste-se, é certo, a uma certa convergência «objectiva»« de interesses, mas a convergência fica-se por aqui.
Por um lado, os interesses de boa parte do público com os seus filhos na Escola - e são muitos os interessados, e aflitos, e continuarão a constituir grande parte da sociedade, não obstante a conveniência do Poder em culpar a demografia pelo fecho das escolas e despedimento de professores (não, eu, ministra, não recusei às Escolas nenhum professor, ou seja a dissimulação de quem estabelece as regras de actuação das escolas e diz que nada terá a ver com os resultados, como bem chamou a atenção Mário Nogueira, de facto assim o ouvi e vi no recôndito segundo canal da RTP).
Por outro lado, os media, e os seus donos e outros mandantes, incluindo os governantes, para além de outros «fazedores» de opinião, sempre prontos parar apoiar, para dar uma forcinha, ao emagrecimento das funções sociais estatais, tendo como objectivo tanto a ida do dinheiro sobrante para o bolso de «quem o deve ter», quer, a outro nível de ambição, manter - ou melhor, fazer retroceder - o privilégio do Saber e do Conhecimento enquanto património sobretudo das classes possidentes - os outros, os do Povo, que recebam «instrução profissional» quanto baste para desempenharem a baixo custo as suas tarefas laborais de baixa qualificação. Vão para o diabo, só não vê esta estratégia quem não quer!
Mas cá estão, dizíamos, neste caso, os números da OCDE outra vez. OCDE, cujos números são sempre apetecidos e dos mais invocados. E a OCDE a fornecê-los com toda a regularidade nesta como, aliás, noutras áreas. E o que vemos desta vez? Mais ou menos os números do costume, a mesma cassete, diriam «eles», os do bloco dos media e dos políticos do centrão - os assumidos e os outros que lhes prestam o frete de se assumir do contra -, os números que, se fosse preciso, confirmavam a revelação da situação do País.
Desde logo, por exemplo o título da capa de dum desses periódicos(1) que todas as manhãs nos oferecem pelas ruas por onde os trabalhadores se apressam para iniciar mais um dia de trabalho: «Metade dos alunos desiste antes do 12.º – Apenas 53 por cento dos jovens em idade escolar completaram o 12.º ano, segundo o estudo Education at a Glance 2007. Lá dentro, em subtítulo ainda, a ideia do Relatório da OCDE «pôr» Portugal na cauda da Europa; pelos vistos a causa dos males seria a OCDE, muito bem escrito senhor jornalista. Adiante. Continuo a citar: «O número de jovens que terminam o ensino secundário em Portugal baixou 14 por cento em nove anos», enquanto «desde 1995, a taxa de conclusão do ensino secundário tem aumentado a uma média de sete por cento nos países da OCDE». Já um efeito nos números da entrada dos países do Centro e Leste Europeu? E o decréscimo em Portugal, questões meramente demográficas? - a argumentação descabida. «Em 1995, 67 por cento dos alunos terminaram os 12 anos de ensino básico e secundário, em 2004 o número desceu para 53 por cento.» O que eu vejo é o élan trazido por Abril a ir minguando a toda a velocidade! De qualquer forma, em Portugal são 53%, enquanto na OCDE a média anda por 81%! Já se sabia? Continua a saber-se!
E no ensino superior? De 1995 a 2004 o número dos jovens que concluíram uma licenciatura quase duplicou - passou, é certo, de 18% para 33%. Mas mesmo assim, e mesmo tão «escolhidos» no secundário, Portugal está na 18.ª posição na OCDE.
Finalmente, numa caixa: «Portugal gasta anualmente 5030 euros em despesas de educação por aluno, desde o ensino básico até ao superior, estando no 23.º lugar entre os países analisados pela OCDE.» Então, não era Portugal um dos países onde se gastava mais na Educação? Afinal quem nos anda a aldrabar? E não foi esta uma razão apontada para fechar milhares de escolas e dispensar dezenas de milhares de professores? Sra. ministra, estarei a fazer demagogia, a descontextualizar números? Ou a grande demagogia não será o absolutizar custos em termos de percentagens do PIB?
Isto a acontecer quando ficámos a saber do frio que no Inverno os alunos passam nas aulas. Não haverá dinheiro para o aquecimento! Brrr, não admira que os alunos fujam da Escola. Que raio de País, este em que vivemos!
(1) METRO, 19/09/07.
Por um lado, os interesses de boa parte do público com os seus filhos na Escola - e são muitos os interessados, e aflitos, e continuarão a constituir grande parte da sociedade, não obstante a conveniência do Poder em culpar a demografia pelo fecho das escolas e despedimento de professores (não, eu, ministra, não recusei às Escolas nenhum professor, ou seja a dissimulação de quem estabelece as regras de actuação das escolas e diz que nada terá a ver com os resultados, como bem chamou a atenção Mário Nogueira, de facto assim o ouvi e vi no recôndito segundo canal da RTP).
Por outro lado, os media, e os seus donos e outros mandantes, incluindo os governantes, para além de outros «fazedores» de opinião, sempre prontos parar apoiar, para dar uma forcinha, ao emagrecimento das funções sociais estatais, tendo como objectivo tanto a ida do dinheiro sobrante para o bolso de «quem o deve ter», quer, a outro nível de ambição, manter - ou melhor, fazer retroceder - o privilégio do Saber e do Conhecimento enquanto património sobretudo das classes possidentes - os outros, os do Povo, que recebam «instrução profissional» quanto baste para desempenharem a baixo custo as suas tarefas laborais de baixa qualificação. Vão para o diabo, só não vê esta estratégia quem não quer!
Mas cá estão, dizíamos, neste caso, os números da OCDE outra vez. OCDE, cujos números são sempre apetecidos e dos mais invocados. E a OCDE a fornecê-los com toda a regularidade nesta como, aliás, noutras áreas. E o que vemos desta vez? Mais ou menos os números do costume, a mesma cassete, diriam «eles», os do bloco dos media e dos políticos do centrão - os assumidos e os outros que lhes prestam o frete de se assumir do contra -, os números que, se fosse preciso, confirmavam a revelação da situação do País.
Desde logo, por exemplo o título da capa de dum desses periódicos(1) que todas as manhãs nos oferecem pelas ruas por onde os trabalhadores se apressam para iniciar mais um dia de trabalho: «Metade dos alunos desiste antes do 12.º – Apenas 53 por cento dos jovens em idade escolar completaram o 12.º ano, segundo o estudo Education at a Glance 2007. Lá dentro, em subtítulo ainda, a ideia do Relatório da OCDE «pôr» Portugal na cauda da Europa; pelos vistos a causa dos males seria a OCDE, muito bem escrito senhor jornalista. Adiante. Continuo a citar: «O número de jovens que terminam o ensino secundário em Portugal baixou 14 por cento em nove anos», enquanto «desde 1995, a taxa de conclusão do ensino secundário tem aumentado a uma média de sete por cento nos países da OCDE». Já um efeito nos números da entrada dos países do Centro e Leste Europeu? E o decréscimo em Portugal, questões meramente demográficas? - a argumentação descabida. «Em 1995, 67 por cento dos alunos terminaram os 12 anos de ensino básico e secundário, em 2004 o número desceu para 53 por cento.» O que eu vejo é o élan trazido por Abril a ir minguando a toda a velocidade! De qualquer forma, em Portugal são 53%, enquanto na OCDE a média anda por 81%! Já se sabia? Continua a saber-se!
E no ensino superior? De 1995 a 2004 o número dos jovens que concluíram uma licenciatura quase duplicou - passou, é certo, de 18% para 33%. Mas mesmo assim, e mesmo tão «escolhidos» no secundário, Portugal está na 18.ª posição na OCDE.
Finalmente, numa caixa: «Portugal gasta anualmente 5030 euros em despesas de educação por aluno, desde o ensino básico até ao superior, estando no 23.º lugar entre os países analisados pela OCDE.» Então, não era Portugal um dos países onde se gastava mais na Educação? Afinal quem nos anda a aldrabar? E não foi esta uma razão apontada para fechar milhares de escolas e dispensar dezenas de milhares de professores? Sra. ministra, estarei a fazer demagogia, a descontextualizar números? Ou a grande demagogia não será o absolutizar custos em termos de percentagens do PIB?
Isto a acontecer quando ficámos a saber do frio que no Inverno os alunos passam nas aulas. Não haverá dinheiro para o aquecimento! Brrr, não admira que os alunos fujam da Escola. Que raio de País, este em que vivemos!
(1) METRO, 19/09/07.